Não te amofines, Zacarias, por tudo aquilo que está para
acontecer, pois tudo isto já foi preparado por Meu Pai há muitos e muitos
séculos. Agora chegou a hora da libertação dos erros. Será árduo o trabalho,
mas doce a vitória.
Ouvindo-lhe
a palavra inspirada com a qual Jesus pretendia ensiná-lo a ser diferente na
análise das coisas, Zacarias se sentiu encorajado a comentar:
- Mas
por que é necessário o sofrimento de um ser tão puro para que os homens acordem
para a verdade, Senhor?
- A
natureza não salta pelas etapas que lhe cumpre obedecer. Sempre que desejamos
melhorar as coisas, impõe-se que nos aproximemos do erro e suportemos a sua
companhia, sem qual nunca o corrigiremos. Há pessoas que pensam que belos
discursos podem alterar as almas. Põem-se a falar de belas ideias com belas
palavras como se pregassem do alto de uma colina aos miseráveis do vale. Estes
os escutam, mas não o seguem. Estão cansados e feridos demais para subir a
montanha. Além disso, esse pregador é um desconhecido a quem não admiram nem
respeitam. Como pode um médico tratar de doenças se nunca viu um doente? Por
mais que tenha conhecimentos teóricos, nunca terá credibilidade nem acertará os
diagnósticos a não ser quando se aproximar do enfermo malcheiroso e
examinar-lhe as feridas.
Assim,
Zacarias, quando pretendemos ser instrumentos do Bem, precisamos nos valer das
almas do Bem e descer ao vale da maldade.
Os
maldosos estão armados com armas que julgam ser as que mais lhe garantem a
proteção. Até que acreditem no forasteiro, que veem como um invasor de sua
tranquilidade miserável, tentarão proteger-se com suas armas.
Se o
pregador do bem não for tão bom como pensa, afastar-se-á do desafio, desistindo
de ajudá-los.
E se o
pregador não se valer do escudo da bondade que está pregando e, colocando-o de
lado, defender-se com as mesmas armas agressivas dos que o açoitam, igualmente
deixará de merecer o crédito em tudo aquilo que está falando, pois seus
ouvintes identificarão nele um igual, sem nenhuma coisa diferente a
mostrar-lhes.
Assim,
os que descem ao vale, mais do que de palavras devem estar revestidos de
fortaleza moral, perseverança, paciência, confiança em Deus e absoluta renúncia
e abnegação para aceitar os golpes e agir por padrões que os enfermos da
ignorância desconhecem. Só assim dará provas de que está portando um poder novo
e maior do que aquele que os demais pensam ser o único que existe.
Ensinar
sem viver é oferecer rosas às areias do deserto.
Suportar
as agressões com uma outra maneira de ser, ensinará aos que vivem nas trevas
que a luz é mais poderosa do que qualquer outra coisa.
Sabendo
brilhar em vez de se tornar opaca, quando mais treva a envolver, mais luz se
destacará para confundir os trevosos e ensinar-lhes um novo caminho que eles
não conhecem, ainda.
E, mesmo
que com cicatrizes profundas e ferimentos dolorosos, a tarefa daquele que
aceita descer ao vale com a perseverança de educar pelo exemplo irá ser
recompensada pela grande quantidade de criaturas que deixarão as trevas e
aceitarão o reino da luminosidade, acompanhando o devotado servidor que aceitou
ser machucado para que os outros despertassem.
E se o
pregador se retirasse ante as primeiras pedradas?
Não
seria digno da tarefa para a qual foi enviado.
Assim é
com tudo na vida, Zacarias. Quem faz o bem e não sofre por isso, está longe de
ser bom realmente. Quem sofre fazendo o bem e persevera, sem desistir, sem se
abater, sem desanimar e sem ter raiva dos que o agridem ou que não o
compreendem ou ajudam, este sim, é digno de ser reconhecido como estrela que
brilha o emissário de Meu Pai, agente do Amor.
Os que
pensam bons, mas não possuem cicatrizes da luta, são ainda os pregadores do
alto da montanha.
Falta
descer ao vale das misérias humanas e sofrer com a sua companhia para ajudar a
melhorá-las para aperfeiçoarem, como próprio testemunho, a bondade que pensam,
inocentemente, já estar desenvolvida dentro de si próprios.
“Trecho
do livro O Amor Jamais Te Esquece, onde Jesus explica por que do seu
sacrifício,a um discípulo (os setenta).
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