quarta-feira, 2 de novembro de 2011

TESTEMUNHO SACRIFICIAL (texto)


                                   
“E ele disse:  Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo o vento forte, teve medo...”    Mt., 14:29 e 30
                A narrativa de Mateus leva-nos a meditações oportunas sobre os testemunhos dos modernos cristãos.
                Pedro fora convocado por Jesus à prova de fé, quando enunciou o “vem”.
                “Descendo do barco”, diz o texto. Como extrair dessa simbologia um conceito espiritual?
                O barco de Pedro, que é também o de todos nós em crescimento e ascensão moral, é o recurso justo e necessário para a navegação segura. Contudo, Jesus chama-nos à ação incomum de andar “sobre as águas” , como declarar que os obreiros do reino do amor serão convidados a servir para além das linhas do dever e das facilidades.
                Nessa ótica, o barco pode significar as facilidades, a inteligência, o destaque e tudo aquilo que embora sejam conquistas justas, passa a constituir mordomias frente aos testemunhos sacrificiais que o Mestre espera, na obra de construção dos tempos novos, na implantação da paz tão desejada pela humanidade.
                Reflitamos na necessidade desses testemunhos, se de fato ansiamos servir nas nossas lides espiritistas.
                Quantos de nós, usando das facilidades de toda espécie, guardamo-nos a fazer a travessia das provas de serviço doutrinário com um sorriso largo? Todavia, descendo do barco das sobras de tempo, de moedas, de cargos e posições, das vantagens de  toda estirpe é  que, então, o servidor terá ensejo de provar sua fé frente às rajadas fortes do vento da discórdia, da mentira e da lisonja.
                Quantos continuaremos firmes no idealismo ao descermos do barco do destaque e dos aplausos, quando então nos chega o teste da humildade e do serviço incondicional?
                Quantos preservaremos a integridade nas responsabilidades, frente à aferição das ventanias, das reprovações às idéias, colocando em cheque a nossa inteligência?
                O serviço executado no barco tem importância incomensurável nos estágios de fixação dos valores indispensáveis aos desafios que todos esperam, na promoção a mais amplos testemunhos nos domínios da espiritualização.
                Chega o tempo, porém, do convite imperativo na acústica da alma: “vem”.
                Nessa hora, no relógio da eternidade, o discípulo é convocado a servir fora de quaisquer condições de segurança padronizada ou de conforto para o trabalho. É  o testemunho no qual o homem reveste-se da consciência lúcida e vence os parâmetros estipulados pela milenar ilusão do menor esforço, lançando-se nos terrenos sublimes do sacrifício de si mesmo para seguir o apelo do Senhor.
                Diz o evangelista que, frente ao vento forte, Pedro temeu. É a fé em avaliação.
                Qualquer testemunho pelo idealismo passa pela fé íntima e resoluta. Ela, e somente ela, será a força interior de que carecemos nos passos sobre o mar tempestuoso das nossas lutas.
                Ante isso, nos instantes em que formos ao encontro das “águas provacionais”, mantenhamos fidelidade aos alvitres da vida sem temor, porque Jesus jamais nos chamaria ao mar a fim de que naufragássemos em renúncias que não podemos suportar.
                Guardemos a certeza de que os serviços redentores do Espiritismo, nos rumos da restauração do Cristianismo, só terão validade na medida em que aceitarmos a convocação Divina para servir sem condições. Aguardar o barco das facilidades é ainda demonstrar que não conhecemos a profundidade da proposta.
                O mesmo medo que fez Pedro afundar nas águas, mais tarde o faria negar a benção do testemunho da convicção.
                Arregimentamos nossa coragem e assumamos os desafios a que somos convocados, guardando no coração a certeza de que, penetrando em direção ao mar desconhecido das novas experiências, estaremos candidatando-nos  a tornarmos os proprietários da própria paz.
PADRE VÍTOR
Extraído do livro: Seara Bendita de Wanderley Soares de Oliveira por diversos Espíritos.

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